terça-feira, 14 de janeiro de 2014

O DESANIMADO GAÚCHO



Antes de qualquer coisa: não sei a sensação de ser o melhor, indubitavelmente, naquilo que faço. Não o melhor da rua, do quarteirão, da escola ou da turma de amigos. Digo ser o melhor do mundo, melhor entre todos os seres humanos. Ser eleito, unânime, e sentir-se assim. Mas, não apenas isso, como também ganhar de tudo que se almeja, alcançar todos os objetivos que podem ser traçados para alguém da sua categoria. São poucos. Atendo-se um pouco mais ao objetivo deste texto: no futebol são pouquíssimos.

No sonho mais dourado de um futuro profissional da bola existe o ápice individual e o coletivo. Creio ser o coletivo mais importante, por se tratar de um esporte desta natureza, portanto nada se equipararia a um título mundial de seleções. É a sua nação representada pelos melhores atletas do país na categoria. Já pelo lado do indivíduo, a honraria máxima vem em forma de Bola de Ouro, aquela que pertence apenas ao melhor jogador do mundo.

O prêmio é concedido pela FIFA a cada temporada ao jogador de maior destaque. Hoje em dia votam jornalistas, e treinadores e capitães de cada uma das seleções cadastradas. Desde 1991 este prêmio existe pela FIFA, mas, a partir de 2009 se mesclou à Bola de Ouro da Revista France Football, existente desde a 1956, quando o inglês Stanley Matthews venceu. Vale lembrar que a revista francesa só premiava aos europeus – nacionalizados ou não - , até o ano de 1994, quando outras nacionalidades entraram na dança, mas, o jogador postulante devia ainda atuar no continente.

Portanto os prêmios de melhor da FIFA e da Europa, concedido pela revista especializada e antes símbolo de melhor do mundo, coincidiram-se por 18 anos. Em 2010, mesclaram-se. Nestes anos em paralelo, porém, foram 7 discordâncias.

ANO
FIFA
FRANCE FOOTBALL
1991
Lothar Matthaus
Jean-Pierre Papin
1994
Romário
Stoichkov
1996
Ronaldo
Matthias Summer
2000
Zidane
Figo
2001
Figo
Michael Owen
2003
Zidane
Nedved
2004
Ronaldinho
Schevchenko

Desde 2005 eles concordam na decisão. Vamos restringir nosso universo de análise aos anos 90 em diante, com o surgimento do prêmio da FIFA. Portanto, pela entidade presidida por Seph Blatter, 14 sujeitos chegaram a esta conquista pessoal. Cristiano Ronaldo -2x, Messi - 4x, Kaká, Canavarro, Ronaldinho – 2x, Zidane – 3x, Ronaldo –3x, Figo – 2x, Rivaldo, George Weah, Romário, Baggio, Van Basten e Lothar Matthaus. Se somarmos a estes as discordâncias entre as premiações, teremos mais cinco atletas na lista, são eles: Jean-Pierre Papin, Stoichkov, Matthias Summer, Michael Owen, Pavel Nedved e Schevchenko. Totalizando 19 jogadores em um período de 23 anos.

Em um segundo passo, vamos restringir ao grupo daqueles, e somente aqueles, que venceram o prêmio de melhor do mundo e também foram campeões mundiais por seus países. Kaká, Canavarro, Ronaldinho, Ronaldo, Zidane, Romário e Matthaus. Sete, tão somente. Entre eles, Kaká foi o que disputou com menor destaque o título mundial que venceu. Ele entrou em campo apenas um partida, com o Brasil já classificado na primeira fase, contra a Costa Rica. Romário foi símbolo da equipe de 94. Matthaus, o único entre eles a erguer a taça como capitão. Zidane marcou dois gols da vitória na final sobre o Brasil e foi o maestro da equipe francesa. Ronaldo esteve em 94 como coadjuvante, reserva, e em 2002, quando foi o artilheiro da equipe e destaque ao lado de Rivaldo e Ronaldinho. Este último mais jovem e com menos carga teve papel de suma importância também, em especial na partida contra a Inglaterra, nas quartas de final, quando foi protagonista da virada por 2 a 1. Por fim, Canavarro, o único zagueiro deste seleto grupo, que fez uma Copa do Mundo irretocável em 2006.

Vejam só, chegamos a 7 jogadores. Dos quais eu colocaria de fora Kaká e Canavarro, caso os fossem nomear de craques.  São 5 craques que ousaram ganhar tudo. Quatro deles brasileiros. Somente um campeão da UEFA Champions League e da Taça Libertadores da América. Ronaldinho Gaúcho. Porque será que pegam tanto no pé deste rapaz? O que no seu estilo irrita as pessoas? Ele não tem ânimo em campo? Lhe falta vontade para nova conquistas? Não tem ambição?

Vontade do que mais? Deixem-no em paz. Olha o que ele ainda tem a moral de fazer!

*Me motivou abordar o assunto, pois, com a circulação desta foto na internet surgiu (mais uma vez) uma horda de comentários negativos sobre ele. Tais como: ainda bem que não joga no meu time, olha o profissionalismo em pré-temporada e por aí a fora. Ele é exemplo profissional de alguém que atingiu o ápice, e não o contrário. Pelo que se vê a inveja cega as pessoas. 






   

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